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“Fui para ensinar e acabei aprendendo”

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Os benefícios da música vão além de somente despertar sentimentos e lembranças. Eles estão comprovados quanto ao quesito concentração, memória e ajuda na melhor aprendizagem. E é por esses e outros motivos que o maestro Orion Cruz, do projeto Orquestra Filarmônica Jovem Emmanuel, desembarcou em Moçambique/África no final do mês de janeiro, para levar às crianças e aos jovens das aldeias de Muzumuia e Barragem toda a leveza e os benefícios da música.

A iniciativa foi um convite do presidente da Fraternidade sem Fronteiras (FSF), Wagner Moura, para que o maestro pudesse fazer uma primeira análise da situação e dos jovens, e iniciar um trabalho que trouxesse de volta a cultura musical que sempre foi muito forte no continente africano. Isso porque atualmente os jovens não estão tão conectados musicalmente quanto seus pais e avós. “Eles conhecem as músicas mas não tem tanta destreza musical como seus antepassados”, conta o maestro, que acrescenta, “a musicalidade deles porém, é impressionante. Ensaiávamos em torno de uma hora e meia por dia e no período de uma semana conseguimos ensaiar duas músicas”.

O maestro também trabalhou com os jovens a individualidade vocal. “Quando cheguei lá percebi que eles cantavam somente em uníssono, ou seja, cantavam sempre juntos. Por isso, fiz teste vocal com mais de 100 jovens afim de descobrir qual o tipo de voz de cada um e assim trabalhar diferentes tons no coral”, explica.

O resultado final foi documentado e gravado pelo maestro que pretende dar continuidade ao trabalho iniciado por lá. “Poder ensinar o pouco que eu sei para eles foi muito gratificante, mas eu aprendi muito mais do que ensinei”, fala ele.

Moçambique pela primeira vez

Apesar das muitas frentes de trabalho da Fraternidade sem Fronteiras (FSF) em Moçambique, a realidade severa que é encontrada por lá ainda impacta muito quem chega pela primeira vez.

O maestro Orion Cruz contou que a sensação “gritante” que fica é a de que todos esquecemos da África: “Quando cheguei e vi a condição da maioria das pessoas tive uma forte impressão de que o resto do mundo esqueceu nossos irmãos que vivem lá. Aqui no Brasil, por mais que vemos pobreza e miséria, as pessoas ainda parecem mais dispostas em ajudar o outro. Lá, as cidades mais prósperas não se preocupam com as aldeias vizinhas onde crianças e adultos morrem de fome diariamente”, analisa.

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