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A história do bebê Shelton

/ / Blog, Moçambique

Farmacêutico desde 2006, Satyaki Afonso Navinchandra, de 34 anos, foi primeiro divulgador da causa fraterna para então se tornar caravaneiro. Estudante do último ano de Medicina, ele deixou o Estado de Goiás pela segunda vez para embarcar na caravana rumo a Moçambique.

A Fraternidade como organização e sentimento entrou na vida dele em 2015, depois da participação de um congresso. Por coincidência, o atencioso voluntário tem raiz moçambicana. Seu pai nasceu no País, na cidade de Ressano Garcia e veio para o Brasil no final da década de 70. Satyaki nasceu aqui e sempre que pode, eleva o pensamento para os irmãos na África.

“Quando você chega lá é tudo muito diferente. A recepção, a energia que o povo moçambicano tem conosco, o carinho e a gratidão nos envolvem em energias muito positivas. É maravilhoso”, explica.

A primeira caravana foi para ele a fase de “imersão” na descoberta de um novo mundo e um novo povo. “É muito lindo na essência, o modo como somos recebidos e tratados, que nos faz ver que eles têm uma carência material muito grande, mas uma riqueza moral e espiritual maior ainda. Acabamos nos conectando ao sofrimento humano e ao mesmo tempo ao que eles têm de mais bonito, divino e sagrado”, ressalta.

Encerrando os depoimentos do estudante de Medicina, a história do menino Shelton é comovente. À primeira vista, parecia ser um recém-nascido, características tristes em consequência da desnutrição.

“Quando dizemos que quem guia esse trabalho é a Luz Divina, temos provas diárias dessa certeza. No dia 19 de Julho estivemos na aldeia 3 de Fevereiro, uma das maiores da região de fronteira com o Zimbabwe, junto à caravana da saúde. Atendemos cerca de 650 crianças nesse dia. Dentre as várias crianças atendidas, muitas delas desnutridas, uma nos chamou a atenção em especial. O menino Shelton, que veio trazido pela mãe pra atendimento enrolado em alguns farrapos.

Pensamos inicialmente que se tratava de um recém nascido, pelo tamanho da criança. Pesando apenas 3 kg, Shelton tinha na verdade, 3 meses de idade. Ao tirarmos sua roupinha, ficamos muito emocionados, inclusive a pediatra que fazia parte de nosso grupo. Um estado de desnutrição que só tínhamos visto em livros! A mãe, também vitimada pela fome, consequência da miséria e seca da região, tentava desesperadamente amamentar seu filho, porém não produzia leite suficiente.

Toda a equipe médica concordava que Shelton não sobreviveria nem mais 10 dias sem uma intervenção imediata. Ao darmos então a fórmula infantil que complementaria sua alimentação dali em diante, vimos a avidez com que sugava, lutando para sobreviver, ingerindo uma quantidade até inesperada para seu peso e idade.

Rimos e choramos. Aqui é assim, um misto de emoções, cercadas por muito trabalho e gratidão. A mãe foi assistida e orientada.

A equipe se recompôs rapidamente, dando sequência aos atendimentos. Shelton vive. A Fraternidade também.
Mbilu hinwi, xitsungo xinwe (um só povo, um só coração)”.

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